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terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Como começaram as trevas morais - Parte III

No século sexto tornou-se o papado firmemente estabelecido. Fixou-se a sede de seu poderio na cidade imperial e declarou-se ser o bispo de Roma a cabeça de toda a igreja. O paganismo cedera lugar ao papado. O dragão dera à besta “o seu poder, e o seu trono, e grande poderio.” Apocalipse 13:02. E começaram então os 1260 da opressão papal preditos na profecia de Daniel e Apocalipse (Daniel 7:25; Apocalipse 13:05-07). Os cristãos foram obrigados a optar entre renunciar sua integridade e aceitar as cerimônias e cultos papais, ou passar a vida nas masmorras, sofrer a morte pelos instrumentos de tortura, pela fogueira, ou pela machadinha do verdugo. Cumpriu-se as palavras de Jesus: “E até pelos pais, e irmãos, e parentes, e amigos, series entregues, e matarão alguns de vós. E de todos sereis odiados por causa do Meu nome.” Lucas 21:16 e 17.

Desencadeou-se a perseguição sobre os fiéis com maior fúria do que nunca, e o mundo se tornou um vasto campo de batalha. Durante séculos a igreja de Cristo encontrou refúgio no isolamento e obscuridade. Assim diz o profeta: “A mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus, para que ali fosse alimentada durante mil duzentos e sessenta dias.” Apocalipse 12:06.

O acesso da igreja de Roma ao poder assinalou o início da escura Idade Média. Aumentado seu poderio adensavam mais as trevas. De Cristo, o verdadeiro fundamento, transferiu-se a fé para o papa de Roma. Em vez de confiar no Filho de Deus para o perdão dos pecados e para a salvação eterna, o povo olhava para o papa e para os sacerdotes e prelados a quem delegava autoridade. Ensinava-se-lhes ser o papa seu mediador terrestre, e que ninguém poderia se aproximar de Deus senão por seu intermédio; e mais ainda, que ele ficava para eles em lugar de Deus e deveria, portanto, ser implicitamente obedecido. Esquivar-se de suas disposições era motivo suficiente para se infligir a mais severa punição ao corpo e alma dos delinqüentes. Assim a mente do povo desvia-se de Deus para homens falíveis e cruéis, e mais ainda, para o príncipe das trevas que por meio deles exercia seu poder. O pecado se disfarçava sob o manto de santidade. Quando as Escrituras são suprimidas e o homem vem a considerar-se supremo, só podemos esperar fraudes, engano e aviltante iniqüidade. Com a elevação das leis e tradições humanas, tornou-se manifesta a corrupção que sempre resulta de se por de lado a lei de Deus.

Dias de perigo foram aqueles para a igreja de Cristo. Os fiéis porta-estandartes eram na verdade poucos. Posto que a verdade não fosse deixada sem testemunhas, parecia, por vezes, que o erro e a superstição prevaleciam completamente, e a verdadeira religião seria banida da Terra. Perdeu-se de vista o Evangelho, mas multiplicaram-se as formas de religião, e o povo foi sobrecarregado de severas exigências.

Ensinava-se-lhes não somente o papa como o seu mediador, mas a confiar em suas próprias obras para explicação do pecado. Longas peregrinações, atos de penitência, adoração de relíquias, ereção de igrejas, relicário e altares, bem como o pagamento de grandes somas à igreja, tudo isto e muitos atos semelhantes eram ordenados para aplicar a ira de Deus ou assegurar o Seu favor, como se Deus fosse idêntico aos homens, encolerizando-se por ninharias, ou apaziguando-Se com donativos ou atos de penitência!

Apesar de que prevalecesse o vício, mesmo entre os chefes da Igreja de Roma, sua influência parecia aumentar constantemente. Mais ou menos ao findar do oitavo século, os romanistas começaram a sustentar que nas primeiras épocas da igreja os bispos de Roma tinham possuído o mesmo poder espiritual que assumiam agora. Para confirmar essa pretensão, era preciso empregar alguns meios com o fito de lhe dar a aparência de autoridade; e isto foi prontamente sugerido pelo pai da mentira. Antigos escritos foram forjados pelos monges. Decretos de concílios de que antes nada se ouvira foram descobertos estabelecendo a supremacia universal do papa desde os primeiros tempos. E a igreja que rejeitara a verdade, avidamente aceitou estes enganos.

Os pouco fiéis que constituíram sobre o verdadeiro fundamento (I Coríntios 3:10 e 11), ficaram perplexos e entravados quando o entulho das falsas doutrinas obstruiu a obra. Como os edificadores do muro de Jerusalém no tempo de Neemias, alguns se prontificaram a dizer: “Já desfaleceram as forças dos acarretadores, e o pó é muito e nós não podemos edificar o muro.” Neemias 4:10. Cansados da constante luta da perseguição, fraude, iniqüidade e todos os outros obstáculos que Satanás pudera engendrar para deter-lhes o progresso, alguns que haviam sido fiéis edificadores, desanimaram; e por amor da paz e segurança de propriedade e vida, desviaram-se do verdadeiro fundamento. Outros sem se intimidarem com a oposição de seus inimigos, intrepidamente declaravam: “Não os temais: lembrai-vos do Senhor grande e terrível” (Neemias 4:14); e prosseguiam com a obra, cada qual com a espada cingida ao lado (Efésios 1:17).

O mesmo espírito de ódio e oposição à verdade tem inspirado os inimigos de Deus em todos os tempos, e a mesma vigilância e fidelidade têm sido exigidas de Seus servos. As palavras de Cristo aos primeiros discípulos aplicam-se aos seus seguidores até ao final do tempo: “E as coisas que vos digo, digo-as todos: Vigiai”. Marcos 13:37.

As trevas pareciam tornar-se mais densas. Generalizou-se a adoração das imagens e orações se lhes dirigiam. Prevaleciam os costumes mais absurdos e supersticiosos. O espírito dos homens era a tal ponto dirigido pela superstição que a razão mesma parecia perdido o domínio. Entretanto os próprios bispos e sacerdotes eram amantes do prazer, sensuais e corruptos, só se poderio esperar que o povo que os tinha como guias se submergisse na ignorância e vício.

Outro passo deu a presunção quando , no século XI, o papa Gregório VII proclamou a perfeição da Igreja de Roma. Entre as proposições por ele apresentadas uma havia declarando que a igreja nunca tinha errado, nem jamais erraria, segundo as Escrituras. Mas as provas escriturísticas não acompanhavam a asserção. O altivo pontífice também pretendia o poder de depor imperadores; e declarou que sentença alguma que pronunciasse poderia ser revogada por quem quer que fosse, mas era prerrogativa sua revogar as decisões de todos os outros.

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