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segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Um povo que difunde luz - Parte VIII

Em muitos casos não mais se via o mensageiro da verdade. Seguira para outros países, ou a vida se lhe consumia em algum calabouço desconhecido, ou talvez seus ossos estivessem alvejando no local em que testificara da verdade. Mas as palavras que deixara após si, não poderiam ser destruídas. Estavam a fazer sua obra no coração dos homens; os benditos resultados só no dia do juízo se revelarão plenamente.

Os missionários valdenses estavam invadindo o reino de Satanás, e os poderes das trevas despertaram para maior vigilância. Todo esforço para avanço da verdade era observado pelo príncipe do mal, e ele excitava os temores dos seus agentes. Os chefes papais viram grande perigo para a sua causa no trabalho destes humildes itinerantes. Se fosse permitido à luz da verdade resplandecer sem impedimento, varreria as pesadas nuvens do erro que envolviam o povo; haveria de dirigir o espírito dos homens a Deus unicamente, talvez destruindo, afinal, a suprem de Roma.

A própria existência deste povo, mantendo a fé da antiga igreja, era testemunho constante da apostasia de Roma, e portanto exercia o ódio e perseguição mais atrozes. Sua recusa de renunciar às Escrituras era também ofensa que Roma não podia tolerar. Decidiu-se ela a exterminá-los da Terra. Começaram então as mais terríveis cruzadas contra o povo de Deus em seus lares montesinos puseram-se inquisidores em suas pegadas, e a cena do inocente Abel tombando ante o assassino Caim repetia-se freqüentemente.

Reiteradas vezes foram devastadas as suas férteis terras, destruídas as habitações e capelas de maneira que onde houvera campos florescentes e lares de um povo simples a laborioso, restava apenas um deserto. Assim como o animal de rapina se torna mais feroz provando sangue, a ira dos sectários do papa acendia-se com maior intensidade com o sofrimento de suas vítimas. Muitas dessas testemunhas da fé pura foram perseguidos através das montanhas e caçadas nos vales em que se achavam escondidas, encerradas por enormes florestas e píncaros rochosos.

Nenhuma acusação se poderia fazer contra o caráter moral da classe proscrita. Mesmo seus inimigos declaravam serem eles um povo pacífico, sossegado e piedoso. Seu grande crime era não quererem adorar a Deus segundo a vontade do papa. Por tal crime, toda humilhação, insulto e tortura que homens ou diabos podiam inventar, amontoaram-se sobre eles.

Determinado-se Roma a exterminar a odiada seita, uma bula foi promulgada pelo papa, condenando-os como hereges e entregando-os ao morticínio. Não eram acusados como desonestos, ociosos ou desordeiros; mas declarava-se que tinham aparência de piedade e santidade que seduzia “as ovelhas do verdadeiro aprisco”. Portanto ordenava o papa que “aquela maligna e abominável seita de perversos,” caso recusasse a abjurar, “fosse esmagada como serpentes venenosas” - Wilie. Esperava o altivo potentado ter de responder por estas palavras? Sabiam que estavam registradas nos livros do Céu, para lhe serem apresentadas no dia do juízo? “Quando o fizestes a um destes Meus pequeninos irmãos,” disse Jesus, “a Mim o fizestes.” Mateus 25:40.

Essa bula convocava a todos os membros da igreja para se unirem à cruzada contra os hereges. Como incentivo a se empenharem a obra cruel, “absolvia-se de todas as penas e castigos eclesiásticos, gerais e particulares; desobrigava a todos os que se unissem à cruzada de qualquer juramento que pudessem ter feito; legitimava-lhes o direito a qualquer propriedade que pudessem ter ilegalmente adquirido; e prometia remissão dos pecados aos que matassem algum herege. Anulava os contratos feitos em favor dos valdenses, ordenava que seus criados os abandonassem, proibia a toda pessoa dar-lhes qualquer auxílio que fosse e a todos permitia tomar posse de sua propriedade.” - Wilie. Este documento revela claramente o espírito que o ditou. É o bramido do dragão, e não voz de Cristo, que nele se ouvia.

Os dirigentes papais não queriam conformar seu caráter com a grande norma da lei de Deus, mas erigiram uma norma que lhes fosse conveniente, e decidiram obrigar todos a se conformarem com a mesma porque Roma assim o desejava. As mais horríveis tragédias foram encenadas. Sacerdotes e papas corruptos e blasfemos estavam a fazer a obra que Satanás lhes designava. A misericórdia não encontrava guarida em sua natureza. O mesmo espírito que crucificou Cristo e matou os apóstolos, o mesmo que impulsionou o sanguinário Nero contra os fiéis de seu tempo, estava em operação a fim de exterminar da Terra os que eram amados de Deus.

As perseguições desencadeadas durante muitos séculos sobre este povo temente a Deus, foram por ele suportada com paciência e constância que honravam seu Redentor. Apesar das cruzadas contra eles e da desumana carnificina a que foram sujeitos, continuavam a mandar seus missionários a espalhar a preciosa verdade. Eram perseguidos até a morte; contudo seu sangue regava a semente lançada, e esta não deixou de produzir fruto. Assim os valdenses testemunharam de Deus, séculos antes do nascimento de Lutero. Dispersos em muitos países, plantaram a semente da reforma que se iniciou no tempo de Wiclef, cresceu larga e profundamente nos dias de Lutero, e deve ser levada avante até o final do tempo por aqueles que também estão dispostos a sofrer todas as coisas pela “Palavra de Deus, e pelo testemunho de Jesus Cristo”. Apocalipse 1:09.

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