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quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Arautos de uma era melhor - Parte IV

Logo depois de sua volta à Inglaterra, Wiclef recebeu do rei nomeação para reitoria de Lutterworth. Isto correspondia a uma prova de que o monarca ao menos não se desagradara de sua maneira franca ao falar. A influência de Wiclef foi sentida no moldar a ação da corte, bem como a crença da nação.

Os trovões papais logo se desencadearam contra ele. Três bulas foram expedidas para a Inglaterra: para a universidade, para o rei e para os prelados, ordenando todas as medidas imediatas e decisivas para fazer silenciar o ensinador de heresias. Antes da chegada das bulas, porém, os bispos, em seu zelo, intimaram Wiclef a comparecer perante eles para julgamento. Entretanto dois dos mais poderosos príncipes do reino o acompanharam ao tribunal; e o povo, rodeando o edifício e invadindo-o, intimidou de tal maneira os juízes, que o processo foi temporariamente suspenso, sendo-lhe permitido ir em paz. Um pouco mais tarde faleceu Eduardo III, a quem em sua idade avançada os prelados estavam procurando influenciar contra o reformador, e o anterior protetor de Wiclef tornou-se regente do reino.

Mas a chegada das bulas papais trazia para toda a Inglaterra a ordem peremptória de prisão e encarceramento do herege. Estas medidas indicavam de maneira direta a fogueira. Parecia certo que Wiclef logo deveria cair vítima da vingança do Roma. Mas aquele que declarou outrora a alguém: “Não temas,... Eu sou o teu escudo” (Gênesis 15:01), de novo estendeu a mão para proteger o Seu servo. A morte veio, não para o reformador, mas para o pontífice que lhe decretara destruição. Gregório XI morreu, e dispersaram-se os eclesiásticos que se haviam reunido para o processo de Wiclef.

A providência encaminhou ainda mais os acontecimentos para dar oportunidade ao desenvolvimento da Reforma. A morte de Gregório foi seguida da eleição de dois papas rivais. Dois poderes em conflito, cada um se dizendo infalível, exigiam agora obediência. Cada qual apelava para os fiéis a fim de o ajudarem a fazer guerra contra o outro, encarecendo suas exigências com terríveis anátemas contra os adversários e promessas de recompensa no Céu aos que o apoiavam. As facções rivais fizeram tudo o que podiam para atacar uma a outra, e durante algum tempo Wiclef teve repouso. Anátemas e recriminações voavam de um papa para outro, e derramavam-se torrentes de sangue para sustentar suas pretensões em conflito. Crimes e escândalos inundavam a igreja. Nesse ínterim, o reformador, no interior de sua paróquia de Lutterworth , estava trabalhando diligentemente para, dos papas contendores dirigir os homens a Jesus o Príncipe da paz.

O cisma, com toda a contenda e corrupção que produziu, preparou o caminho para a Reforma, habilitando o povo a ver o papado o que realmente era. Num folheto que publicou - “Sobre o Cisma dos Papas” – Wiclef apelou para o povo a fim de que considerasse se esses dois sacerdotes estavam a falar a verdade ao condenarem um ao outro como o anticristo. “Deus,” disse ele, “não mais quis consentir que o demônio reinasse em um único sacerdote tal, mas... fez divisão entre os dois, de modo que os homens em nome de Cristo, possam mais facilmente vencê-los a ambos.” Vida e Opiniões de João Wiclef,de Vaughan.

Wiclef a exemplo de seu Mestre, pregou o evangelho aos pobres. Não contente em espalhar a luz nos lares humildes em sua própria paróquia de Lutterworth, concluiu que ela deveria ser levada a todas as partes da Inglaterra. Para realizar isto organizou um grupo de pregadores, homens simples e dedicados, que amavam a verdade e nada desejavam tanto como o propagá-la. Estes homens iam por toda a parte, ensinando nas praças, nas ruas das grandes cidades e nos atalhos do interior. Procuravam os idosos, os doentes e os pobres, e desvendavam-lhes as alegres novas da graça de Deus.

Como professor de teologia em Oxford, Wiclef pregou a Palavra de Deus nos salões da universidade. Tão fielmente apresentava ele a verdade aos estudantes sob sua instrução, que recebeu o título de “Doutor do Evangelho.”

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