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sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Como começaram as trevas morais - Parte IV

Uma flagrante ilustração do caráter tirânico do papa Gregório VII se nos apresenta no modo com que tratou o imperador alemão Henrique IV. Por haver intentado desprezar a autoridade do papa, declarou-o este excomungado e destronado. Aterrorizado pela deserção e ameaças de seus próprio príncipes, que por mandado do papa eram acoroçoados na rebelião contra ele, Henrique pressentiu a necessidade de fazer as pazes com Roma. Em companhia da esposa e de um servo fiel, atravessou os Alpes em pleno inverno, a fim de humilhar-se perante o papa. Chegando ao castelo para onde Gregório se retirara, foi conduzido sem seus guardas, a um pátio externo, e ali, no rigoroso frio do inverno, com a cabeça descoberta, descalço e miseravelmente vestido, esperou a permissão do papa a fim de ir à sua presença. O pontífice não se dignou de conceder-lhe perdão senão depois de haver ele permanecido jejuando e fazendo confissão. Isso mesmo, apenas com a condição de que o imperador esperasse a sanção do papa antes reassumir as insígnias ou exercer o poder da realeza. E Gregório envaidecido com seu triunfo, jactava-se de que era seu dever abater o orgulho dos reis.

Quão notável é o contraste entre o despótico orgulho deste pontífice e a mansidão e a suavidade de Cristo, que representa a Si mesmo a porta do coração a rogar que ali seja admitido, a fim de poder entrar para levar perdão e paz, e que ensinou a seus discípulos: “Qualquer que entre vós quiser ser o primeiro seja vosso servo.” Mateus 20:27.

Os séculos que seguiram testemunharam aumento constante de erros das doutrinas emanadas de Roma. Mesmo antes do estabelecimento do papado, os ensinos dos filósofos pagãos haviam recebido atenção e exercido influência na igreja. Muitos que se diziam conversos ainda se apegavam aos dogmas de sua filosofia pagã, e não somente continuaram no estudo desta, mas encareciam-no a outros como meio de estenderem sua influência entre os pagãos. Erros graves foram introduzidos na fé cristã. Destaca-se entre outros o da crença na imortalidade natural do homem e sua consciência na morte. Esta doutrina lançou o fundamento sobre o qual Roma estabeleceu a invocação dos santos e a adoração da virgem Maria. Disto proveio a heresia do tormento eterno para os que morrem impenitentes, a qual logo de início se incorporara à fé papal.

Achava-se então preparado o caminho para a introdução de ainda outra invenção do paganismo, a que Roma intitulou purgatório e empregou para amedrontar as multidões crédulas e supersticiosas. Com esta heresia afirma-se a existência de um lugar de tormento, no qual as almas dos que não mereceram condenação eterna devem sofrer castigo por seus pecados, e do qual quando libertas da impureza, são admitidas no Céu.

Ainda outra invencionice era necessária para habilitar Roma a aproveitar-se dos temores e vícios dos seus adeptos. Esta foi suprida pela doutrina das indulgências. Completa remissão dos pecados, passados, presentes e futuros, e livramento de todas as dores e penas em que os pecados importam, eram prometidos a todos os que se alistassem nas guerras do pontífice para estender seu domínio temporal, castigar seus inimigos e exterminar os que ousassem negar-lhe a supremacia espiritual. Ensinava-se também ao povo que, pelo pagamento de dinheiro à igreja, poderia livrar-se do pecado e igualmente libertar as almas de seus amigos falecidos que estivessem condenados às chamas atormentadoras. Por esses meios Roma abarrotou os cofres e sustentou a magnificência, o luxo e os vícios dos pretensos representantes Daquele que não tinha onde reclinar a cabeça.

A ordenação escriturística da ceia do Senhor fora suplantada pelo idolátrico sacrifício da missa. Sacerdotes papais pretendiam, mediante esse disfarce destituído de sentido, converter o simples pão e vinho no verdadeiro “corpo e sangue de Cristo.” – Conferência Sobre a “Presença Real”, do Cardeal Wiseman. Com blasfema presunção pretendiam abertamente o poder de criarem Deus, o Criador de todas as coisas. Aos cristãos exigia-se, sob pena de morte, confessar sua fé nesta heresia horrível que insulta o Céu. Multidões que a isto se recusaram foram entregues às chamas.

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