Powered By Blogger

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Arautos de uma era melhor - Parte VIII

Wiclef foi um dos maiores reformadores. Na amplidão de seu intelecto, clareza de pensamentos, firmeza em manter a verdade e ousadia para defendê-la, por poucos que após ele vieram foi igualado. Pureza de vida, incansável diligência no estudo e no trabalho, incorruptível integridade, amor e fidelidade cristã no ministério caracterizaram o primeiro dos reformadores. E isto, apesar das trevas intelectuais e corrupção moral da época de que ele emergiu.

O caráter de Wiclef é testemunho do poder educador e transformador das Sagradas Escrituras. Foram estas que dele fizeram o que foi. O esforço para aprender as grandes verdades da revelação, comunica frescura e vigor a todas as faculdades. Expande a mente, aguça a percepção, amadurece o juízo. O estudo da Bíblia enobrece a todo o pensamento, sentimento e aspiração, como nenhum outro estudo o pode fazer. Dá estabilidade de propósitos, paciência, coragem e fortaleza; aperfeiçoa o caráter e santifica a alma. O esquadrinhar fervoroso e reverente das Escrituras, pondo o espírito do estudante em contato direto com a mente infinita, daria ao mundo homens de intelecto mais forte e mais ativo, bem como de princípios mais nobres, do que os que já existiram como resultado do mais hábil ensino que proporciona a filosofia humana. “A exposição das Tuas palavras dá luz” diz o salmista; “dá entendimento aos símplices.” Salmo 119:130.

As doutrinas, por Wiclef ensinadas, continuaram durante algum tempo a espalhar-se; seus seguidores, conhecidos como wiclefitas e lolardos, não somente encheram a Inglaterra, mas a espalharem-se em outros países, levando o conhecimento do Evangelho. Agora que seu guia fora tomado dentre os vivos, os pregadores trabalhavam com zelo maior do que antes, e multidões se congregavam para ouvi-los. Alguns da nobreza e até a esposa do rei se encontravam entre os conversos. Em muitos lugares houve assinalada reforma nos costumes do povo, e os símbolos do romanismo foram removidos das igrejas. Logo, porém, a impiedosa tempestade da perseguição irrompeu sobre os que haviam ousado aceitar a Escritura Sagrada como guia. Os monarcas ingleses, ávidos de aumentar seu poder mediante o apoio de Roma, não hesitaram em sacrificar os reformadores. Pela primeira vez na história da Inglaterra a fogueira foi decretada contra os discípulos do Evangelho. Martírios sucederam a martírios. Os defensores da verdade, proscritos e torturados, podiam tão somente elevar seus clamores ao ouvido do Senhor dos exércitos. Perseguidos como inimigos da igreja e traidores do reino, continuaram a pregar em lugares secretos, encontrando abrigo o melhor que podiam nos humildes lares dos pobres, e muitas vezes refugiando-se mesmo em brenhas e cavernas.

Apesar da fúria da perseguição, durante séculos continuou a ser proferido um protesto calmo, devoto, fervoroso, paciente, contra as dominantes corrupções da fé religiosa. Os crentes daqueles primitivos tempos tinham apenas conhecimento parcial da verdade, mas haviam aprendido a amar e obedecer à Palavra de Deus, e pacientemente sofriam por sua causa. Como os discípulos dos dias apostólicos, muitos sacrificavam suas posses deste mundo pela causa de Cristo. Aqueles a quem era permitido permanecer em casa, abrigavam alegremente os irmãos banidos; e, quando também eles eram expulsos, animosamente aceitavam a sorte dos proscritos. Milhares, é verdade, aterrorizados pela fúria dos perseguidores, compravam a liberdade com sacrifício da fé e saíam da prisão com roupas dos penitentes, a fim de publicar a sua abjuração. Mas não foi pequeno o número – e entre este haviam homens de nascimento nobre como humildes e obscuros – dos que deram humilde testemunho da verdade nos cubículos dos cárceres, nas “Torres dos Lolardos,” e em meio de tortura e chamas, regozijando-se de que tivessem sido considerados dignos de conhecer a “comunicação de Suas aflições.”

Os romanistas não haviam conseguido executar a sua vontade em relação a Wiclef durante a vida deste, e seu ódio não se satisfez enquanto o corpo do reformador repousasse em sossego na sepultura. Por decreto do concílio de Constança, mais de quarenta anos depois de sua morte, seus ossos foram exumados e publicamente queimados, e as cinzas lançadas num riacho vizinho. “Esse riacho” diz antigo escritor, “levou suas cinzas para o Avon, o Avon para o Severn, o Severn para o pequenos mares, e estes para o grande oceano. E assim as doutrinas de Wiclef são o emblema de sua doutrina, que hoje está espalhado pelo mundo inteiro.” – História Eclesiástica da Bretanha, de T. Fuller. Pouco imaginaram os inimigos a significação de seu ato perverso.

Foi mediante os escritos de Wiclef que João Huss da Boêmia, foi levado a renunciar a muitos erros do romanismo e entrar na obra da Reforma. E assim é que nesse dois países tão grandemente separados, foi lançada a semente da verdade. Da Boêmia a obra estendeu-se para outras terras. O espírito dos homens foi dirigido para a Palavra de Deus, havia tanto tempo esquecida. A mão divina estava a preparar o caminho para a Grande Reforma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não serão aceitos comentários ofensivos.
Não serão aceitos comentários sem os referidos autores, mesmo os anônimos.