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domingo, 6 de janeiro de 2008

Um povo que difunde luz - Parte I

Por entre as trevas que baixaram a Terra durante o longo período da supremacia papal, a luz da verdade não poderia ficar inteiramente extinta. Em cada época houve testemunhas de Deus – homens que acalentavam a fé em Cristo como o único mediador entre Deus e o homem, que mantinham a Escritura Sagrada como a única regra de vida, e santificavam o verdadeiro sábado. Quanto o mundo deve a estes homens, a posteridade jamais saberá. Foram estigmatizados como hereges, impugnados os seus motivos, criticado o seu caráter, e suprimidos, difamados ou mutilados os seus escritos. No entanto, permaneceram firmes, e de século em século mantiveram a fé em sua pureza como sagrado legado às gerações vindouras.

A história do povo de Deus durante os séculos de trevas que seguiram à supremacia de Roma, está escrita no Céu, mas pouco espaço ocupa nos registros humanos. Poucos traços de sua existência se podem encontrar, a não ser nas acusações de seus perseguidores. Foi tática de Roma obliterar todo vestígio de dissidência de suas doutrinas ou decretos. Tudo o que fosse herético, quer pessoas quer escritos, procurava ela destruir. Expressões de dúvida ou questões quanto à autoridade dos dogmas papais eram suficientes para tirar a vida do rico ou pobre, elevado ou humilde. Roma se esforçava também por destruir todo o registro de sua crueldade para com os que dissentiam dela. Os concílios papais decretavam que livros ou escritos contendo relatos desta natureza deviam ser lançados às chamas. Antes da invenção da imprensa, os livros eram poucos numerosos, e de forma desfavorável à preservação; portanto pouco havia a impedir que os romanistas levassem a efeito o seu desígnio.

Nenhuma igreja dentro dos limites da jurisdição romana ficou mutio tempo sem ser perturbada no gozo da liberdade de consciência. Mal o papado obtivera o poder, estendendo os braços para esmagar a todos os que recusassem a reconhecer-lhe o domínio; e, uma após outra, submeteram-se as igrejas ao seu governo.

Na Grã-Bretanha o primeiro cristianismo mutio cedo deitou raízes. O evangelho recebido pelos bretões nos primeiros séculos, não se achava então corrompido pela apostasia romana. A perseguição dos imperadores pagãos, que se estendeu até aquelas praias distantes, foi a única dádiva que a primeira igreja da Bretanha recebeu de Roma. Muitos dos cristãos, fugindo da perseguição na Inglaterra, encontraram refúgio na Escócia; daí a verdade foi levada a Irlanda, sendo em todos estes países recebida com alegria.

Quando os saxões invadiram a Bretanha, o paganismo conserguiu o predomínio. Os conquistadores desdenharam ser instruídos por seus escravos, e os cristãos foram obrigados a retirar-se para as montanhas e agrestes pauis. Não obstante, a luz por algum tempo oculta continuou a arder. Na Escócia, um século mais tarde, brilhou ela com um fulgor que se estendeu a mui longíncuas terras. Da irlanda vieram o piedoso Columba e seus coloboradores, os quais, reunindo em torno de si os crentes dispersos da ilha de Iona, fizeram desta o centro de seus trabalhos missionários. Entre esses evangelistas encontrava-se um observador do sábado bíblico, e assim essa verdade foi introduzida entre o povo. Estabeleceu-se uma escola em Iona, da qual saíram missionários, não somente para a Escócia e Inglaterra, mas para a Alemanha, Suíssa e mesmo para a Itália.

Roma, porém, fixara os olhos na Bretanha e resolvera pô-la sob sua supremacia. No sexto século seus missionários empreenderam a conversão dos pagãos saxões. Foram recebidos como favor pelos orgulhosos bárbaros, e induziram a muitos milhares a professarem a fé romana. O trabalho progredia e os dirigentes papais e seus conversos encontraram os cristãos primitivos. Eloqüente contraste se apresentou. Os últimos eram simples, humildes e de caráter, doutrinas e maneiras segundo as Escrituras, ao passo que os primeiros manifestavam a superstição, a pompa e a arrogância do papado. O emissário de Roma exigiu que estas igrejas reconhecessem a supremacia do soberano pontífice. Os bretões mansamente replicaram que desejavam amar a todos os homens, mas que o papa não tinha direito à supremacia da igreja, e que eles poderia prestar-lhe somente a submissão devida ao seguidor de Cristo. Repetidas tentativas foram feitas para se conseguir a sua adesão a Roma; mas esses humildes cristãos, espantados com orgulho ostentado por seus emissários, firmemente replicavam que não conheciam outro mestre senão Cristo. Revelou-se, então, o verdadeiro espírito do papado. Disse o chefe romano: “Se não receberdes irmãos que vos trazem paz, recebereis inimigos que vos trarão guerra. Se vos não unirdes conosco para mostrar aos saxões o caminho da vida, recebereis deles o golpe de morte.” - História da Reforma do Décimo-sexto Século, D'Aubigné. Não era isto simples ameaça. Guerra, intriga e engano foram empregados contra as testemunhas de uma fé bíblica, até que as igrejas da Bretanha foram destruídas ou obrigadas a submeter-se à autoridade do papa.

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