Powered By Blogger

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Um povo que difunde luz - Parte VI

ornar conhecido o objetivo de sua missão seria assegurar a derrota; ocultavam, portanto, cautelosamente seu verdadeiro caráter. Cada ministro possuía conhecimento de algum ofício ou profissão e os missionários prosseguiam na obra sob a aparência de vocação secular. Usualmente escolhiam o de mercador ou vendedor ambulante. “Levavam sedas, jóias e outros artigos que naquele tempo não se compravam facilmente, a não ser em mercados distantes; e eram bem recebidos como negociantes onde teriam sido repelidos como missionários”. Wylie. Em todo o tempo seu coração se levantava a Deus rogando sabedoria a fim de apresentar um tesouro mais precioso do que ouro ou jóias. Levavam secretamente consigo exemplares da Escritura Sagrada, no todo ou em parte; quando quer que se apresentasse oportunidade, chamavam a atenção dos fregueses para os manuscritos. Muitas vezes assim se despertava o interesse de ler a Palavra de Deus, e alguma porção era de bom grado deixada com os que desejavam receber.

A obra desses missionário começava nas planícies e vales ao pé de suas próprias montanhas, mas estendia-se muito além destes limites. Descalços e com vestes singelas e poentas da jornada como eram as de seu Mestre, passavam por grandes cidades e penetravam em longínquas terras. Por toda parte espalhavam a preciosa verdade. Surgiam igrejas em seu caminho e o sangue do mártires testemunhavam da verdade. O dia de Deus revelará rica messe de almas enceleiradas pelos labores destes homens fiéis. Velada e silenciosa, a Palavra de Deus rompia caminho através da cristandade e tinha alegre acolhida nos lares e corações.

Para os valdenses não eram as Escrituras simplesmente o trato de Deus para com os homens do passado e a revelação das responsabilidades e deveres do presente, mas o desvendar os perigos e glórias do futuro. Acreditavam que o fim de todas as coisas não estava muito distante; e, estudando a Bíblia com oração e lágrimas, mais profundamente se impressionavam com suas preciosas declarações e com o dever de tornar conhecidas a outros as suas verdades salvadoras. Viam o plano da salvação claramente revelado em suas páginas sagradas e encontravam conforto, esperança e paz crendo em Jesus. Ao iluminar-lhes a luz do entendimento e ao alegrar-lhes ela o coração, anelavam derramar seus raios sobre os que se achavam nas trevas do erro papal.

Viam que sob a direção do papa e dos sacerdotes, multidões debalde se esforçavam para obter perdão afligindo o corpo por causa do pecado da alma. Ensinado a confiarem nas boas obras para se salvarem, estavam sempre a olhar para si mesmos, ocupando a mente com sua condição pecaminosa, vendo-se expostos à ira de Deus, afligindo alma e corpo, não achando contudo, alívio. Almas conscienciosas eram, destarte, enredadas pelas doutrinas de Roma. Milhares abandonavam amigos e parentes, passando a vida nas celas dos conventos. Por meio de freqüentes jejuns e cruéis açoitamentos, por vigílias à meia noite, prostrando-se durante horas cansativas sobre as lajes frias e úmidas de sua lúgubre habitação, por longas peregrinações, penitências humilhantes e terrível tortura, milhares procuravam baldadamente obter paz de consciência. Oprimidos por uma intuição de pecado e perseguidos pelo temor da ira vingadora de Deus, muitos continuavam a sofrer até a natureza exausta se rendia e, sem um resquício de luz ou esperança, baixavam à sepultura.

Os valdenses ansiavam por partir a estas almas famintas o pão da vida, revelar-lhes as mensagens de paz das promessas de Deus e apontar-lhes a Cristo como a única esperança da salvação. Tinham por falsa a doutrina de que as boas obras podem expiar a transgressão da lei de Deus. A confiança nos méritos humanos faz perder de vista o amor infinito de Cristo. Jesus morreu como sacrifício pelo homem porque a raça caída nada pode fazer para se recomendar a Deus. Os méritos de um Salvador crucificado e ressurgido são o fundamento da fé cristã. A dependência da alma para com Cristo é tão real, e sua união com Ele deve ser tão íntima como a do membro para com o corpo, ou da vara para com videira.

Os ensinos dos papas e sacerdotes haviam levado os homens a considerar o caráter de Deus, e mesmo o de Cristo, como severo, sombrio e repelente. Representava-se o Salvador tão destituído de simpatia para com o homem em seu estado decaído, que devia ser invocado a mediação de sacerdotes e santos. Aqueles cuja mente fora iluminada pela palavra de Deus, anelavam guiar estas almas a Jesus, como seu compassivo e amante Salvador que permanece de braços estendidos a convidar todos a irem a Ele com seu fardo de pecados, seus cuidados e fadigas. Almejavam remover os obstáculos que Satanás havia acumulado para que os homens não pudessem ver as promessas, e ir diretamente a Deus, confessando os pecados e obtendo perdão e paz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não serão aceitos comentários ofensivos.
Não serão aceitos comentários sem os referidos autores, mesmo os anônimos.