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domingo, 27 de janeiro de 2008

Arautos de uma era melhor - Parte VII

“Nenhum homem fiel seguir quer ao próprio papa, quer a qualquer dos santos, a não nos pontos em que seguirem ao Senhor Jesus Cristo; pois Pedro e os filhos de Zebedeu desejando honras mundanas, contrárias ao seguimento dos passos de Cristo, erraram, e, portanto, nestes erros não devem ser seguidos.”

“O papa deve deixar ao poder secular todo o domínio e poder temporal, e neste sentido exortar e persuadir eficazmente todo o clero; pois assim fez Cristo, e especialmente por seus apóstolos. Por conseguinte se errei em qualquer destes pontos, submeter-me-ei humildemente à correção, mesmo pela morte, se assim for necessário; e se eu pudesse agir segundo minha e vontade ou desejo, certamente me apresentaria em pessoa perante o bispo de Roma; mas o Senhor determinou o contrário, e ensinou-me a obedecer antes a Deus do que aos homens.”

Finalizando disse: “Oremos a nosso Deus para que Ele de tal maneira influencie nosso papa Urbano VI, conforme já começou a fazer, que juntamente com clero possa seguir o Senhor Jesus Cristo na vida e nos costumes, e com eficiência ensinar o povo, e que eles de tal maneira, fielmente os sigam nisso.”Atos e Monumentos, de Foxe.

Assim o Wiclef apresentou ao papa e aos cardais a mansidão e humildade de Cristo, mostrando não somente a eles mesmos, mas a toda a cristandade, o contraste entre eles e o Mestre, a quem professavam representar.

Wiclef esperava plenamente que sua vida seria o preço de sua fidelidade. O rei, o papa e os bispos estavam unidos para levá-lo à ruína, e parecia certo que, quando muito, em poucos meses o levariam à fogueira. Mas sua coragem não se abalou. “Por que falais em procurar longe a coroa do martírio?” dizia. “Pregai o Evangelho de Cristo aos altivos prelados e o martírio não vos faltará. Que! Viveria eu e estaria silencioso? ... Nunca! Venha o golpe eu o estou aguardando.” – D’Aubigné.

Mas Deus, em sua providência escudou Seu servo. O homem que durante toda a vida permanecera ousadamente na defesa da verdade, diariamente em perigo de vida, não deveria cair vítima do ódio de seus adversários. Wiclef nunca procurara escudar-se a si mesmo, mas o Senhor lhe fora o Protetor; e agora, quando seus inimigos julgavam segura a presa, a mão de Deus o removeu para além de seu alcance. Em sua igreja em Lutterworth, na ocasião em que ia ministrar a comunhão, caiu atacado de paralisia, e em pouco tempo rendeu a vida.

Deus designara a Wiclef a sua obra. Pusera-lhe na boca a Palavra da verdade e dispusera uma guarda a seu redor para que esta palavra pudesse ir ao povo. A vida fora-lhe protegida e seus trabalhos se prolongaram, até ser lançado o fundamento para a grande obra da Reforma.

Wiclef saíra das trevas da Idade Média. Ninguém havia que tenha vivido antes dele, por meio de cuja obra pudesse modelar seu sistema de reforma. Suscitado como João Batista para cumprir uma missão especial, foi ele um arauto de uma nova era. Contudo, no sistema de verdade que apresentava, havia uma unidade e perfeição que os reformadores que o seguiram não excederam e que alguns não atingiram, mesmo cem anos mais tarde. Tão amplo e profundo foi o fundamento, tão firme e verdadeiro o arcabouço, que não foi necessário ser reconstruído pelos que depois dele vieram.

O grande movimento inaugurado por Wiclef, o qual deveria libertar a consciência e o intelecto e deixar livres as nações, durante tanto tempo jungidas ao carro triunfal de Roma, teve sua fonte na Escritura Sagrada. Ali se encontrava a origem da corrente da bem-aventurança, que, como a água da vida, tem manado gerações desde o século XVI. Wiclef aceitava as Sagradas Escrituras com implícita fé, como a inspirada revelação da vontade de Deus, como suficiente regra de fé e prática. Fora educado a considerar a Igreja de Roma como autoridade divina infalível, e aceitar com indiscutível reverência os ensinos e costumes estabelecidos havia um milênio; mas de tudo isto se desviou para ouvir a santa Palavra de Deus. Esta era a autoridade que ele insistia com o povo para que reconhecesse. Em vez da igreja falando pelo papa, declarou ser a única verdadeira autoridade a voz de Deus falando por Sua Palavra. E não somente ensinava que a Bíblia é a perfeita revelação da vontade de Deus, mas que o Espírito Santo é o seu único intérprete, e que todo homem, pelo estudo dos seus ensinos, deve aprender por si próprio o dever. Desta maneira fazia volver o espírito, do papa e da igreja de Roma, para a Palavra de Deus.

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