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terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Arautos de uma era melhor - Parte II

Semelhantes aos reformadores posteriores, Wiclef não previu, ao iniciar a sua obra, até onde ela o levaria. Não se opôs deliberadamente a Roma. A dedicação à verdade, porém, não poderia senão levá-lo ao conflito com a falsidade. Quanto mais claramente discernia os erros do papado, mais fervorosamente apresentava os ensinos da Escritura Sagrada. Via que Roma abandonara a Palavra de Deus pela tradição humana; destemidamente acusava o sacerdócio de haver banido as Escrituras, e exigia que a Bíblia fosse devolvida ao povo e de novo estabelecida sua autoridade na igreja. Wiclef era ensinador hábil e ardoroso, eloqüente pregador, e a sua vida diária era uma demonstração da verdade que pregava. O conhecimento das Escrituras, a força do seu raciocínio, a pureza de sua vida e sua coragem integridade inflexíveis conquistaram-lhe geram estima e confiança. Muitas pessoas se tinham tornado descontentes com a sua fé anterior, ao verem a iniqüidade que prevalecia na igreja de Roma, e saudaram com incontida alegria a verdade exposta por Wiclef; mas os dirigentes papais encheram-se de raiva quando perceberam que este reformador conquistava maior influência que a deles mesmos.

Wiclef era perspicaz descobridor de erros e atacou destemidamente muitos abusos sancionados pela autoridade de Roma. Quando agia como capelão do rei, assumiu ousada atitude contra o pagamento de tributo que o papa pretendia do monarca inglês e mostrou que pretensão papal de autoridade sobre os governantes seculares era contrária tanto à razão como a revelação. As exigências do papa tinham excitado grande indignação e os ensinos de Wiclef exerceram influência sobre os dirigentes do país. O rei e os nobres uniram-se em negar as pretensões do pontífice à autoridade temporal, e na recusa do pagamento do tributo. Destarte um golpe eficaz foi desferido contra a supremacia papal na Inglaterra.

Outro mal contra que o reformador sustentou longa e resoluta batalha, foi a instituição dos frades mendicantes. Estes frades enxameavam na Inglaterra, lançando uma nódoa à grandeza e prosperidade da nação. A indústria, a educação, a moral, tudo sentia a influência debilitante. A vida de ociosidade e mendicidade dos monges não era grande escoadouro dos recursos do povo, mas lançava o desdém ao trabalho útil. A juventude se desmoralizava e corrompia. Pela influência dos frade muitos eram induzidos a entrar para o claustro e dedicar-se à vida monástica, e isto não só sem o consentimento dos pais, mas mesmo sem seu consentimento e contra as suas ordens. Um dos primitivos padres da Igreja de Roma, insistindo sobre as exigências do monasticismo acima das obrigações do amor e do dever filial, declarou: “Ainda que teu pai se encontrasse deitado diante de tua porta, chorando e lamentando, e a tua mãe te mostrasse o corpo que te carregou e os seios que nutriram, tê-los-ia de pisar a pés e ir avante diretamente a Cristo.” Por esta “monstruosa desumanidade,” como mais tarde Lutero denominou, “que cheira mais a lobo e a tirano do que a cristão ou homem,” empedernia-se o coração dos filhos contra os pais. – Vida de Lutero, de Barnas Sears. Assim, os dirigentes papais, como os fariseus de outrora, tornavam sem efeito o mandamento de Deus, com a sua tradição. Assim se desolavam lares, e pais ficavam privados da companhia dos filhos e filhas.

Mesmo os estudantes das universidades eram enganados pelas falsas representações dos monges, e induzidos a unir-se às suas ordens. Muitos mais tarde se arrependiam deste passo, vendo que haviam prejudicado a própria vida e causado tristeza aos pais; mas, uma vez presos na armadilha, era-lhes impossível obter liberdade. Muitos pais, temendo a influência dos monges, recusavam-se a enviar os filhos às universidades. Houve assinalada redução no número dos estudantes que freqüentavam os grandes centros de ensino. As escolas feneciam e prevalecia a ignorância.

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