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segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Predito o Destino do Mundo - Parte IV

As forças judaicas, perseguindo a Céstio e seu exército, caíram sobre sua retaguarda com tal ferocidade que o ameaçaram de destruição total. Foi com grande dificuldade que os romanos conseguiram efetuar a retirada. Os judeus escaparam quase sem perdas, e com seus despojos voltaram em triunfo para Jerusalém. No entanto este êxito aparente apenas lhes acarretou males. Inspirou-lhes aquele espírito de pertinaz resistência aos romanos, que celeremente trouxe indescritível desgraça sobre a cidade sentenciada.

Terríveis foram as calamidades que caíram sobre Jerusalém quando o cerco foi reassumido por Tito. A cidade foi assaltada na ocasião da Páscoa, quando milhões de judeus estavam reunidos dentro de seus muros. Suas provisões de víveres, que a serem cuidadosamente preservadas teriam suprido os habitantes durante anos, tinham sido previamente destruídas pela rivalidade e vingança das facções contendoras, e agora experimentaram todos os horrores da morte à fome. Uma medida de trigo era vendida por um talento. Tão atrozes eram os transes da fome que homens roíam o couro de seus cinturões e sandálias, e a cobertura de seus escudos. Numerosas pessoas saíam da cidade à noite, furtivamente para apanhar plantas silvestres que cresciam fora dos muros da cidade, se bem muitos fossem agarrados e mortos com severas torturas; e muitas vezes os que voltavam em segurança eram roubados naquilo que haviam rebuscado com tão grande perigo. As mais desumanas torturas eram infligidas pelos que se achavam no poder, a fim de extorquir do povo atingido pela necessidade os últimos e escassos suprimentos que poderiam ter escondido. E tais crueldades eram freqüentemente praticadas por homens que se achavam, aliás bem alimentados, e que simplesmente estavam desejosos de acumular um depósito de provisões para o futuro.

Milhares pereceram pela fome e pela peste. A afeição natural parecia ter-se destruído. Maridos roubavam de suas esposas e esposas de seus maridos. Viam-se filhos arrebatar alimentos de seus pais idosos. A pergunta do profeta: “Pode esquecer-se tanto de seu filho que cria?” (Isaías 49:15) recebeu dentro dos muros da cidade condenada a resposta: “As mãos das mulheres piedosas coseram os próprios filhos; serviram de alimento na destruição da filha de meu povo.” Lamentações 4:10. Novamente se cumpriu a profecia de aviso, dada catorze séculos antes: “E quanto a mulher mais mimosa e dedicada entre ti, que mimo e delicadeza nunca tentou pôr a planta de seu pé sobre a terra, será maligno o seu olho contra o homem de seu regaço, e contra seu filho e sua filha;...e por causa dos seus filhos que tiver; porque os comerá às escondidas pela falta de tudo, no cerco e no aperto com o que o teu inimigo te apertará nas tuas portas.” Deuteronômio 28:56 e 57.

Os chefes romanos esforçaram-se por infundir terror aos judeus, e assim fazê-los render-se. Os prisioneiros que resistiam ao cair presos, eram açoitados, torturados e crucificados diante do muro da cidade. Centenas eram diariamente mortos desta maneira, e essa horrível obra prolongou-se até que ao longo do vale de Josafá e Calvário se erigiram cruzes em tão grande número que mal havia espaço para mover-se entre elas. De tão terrível maneira foi castigada aquela espantosa imprecação perante o tribunal de Pilatos: “O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos.” Mateus 27:25.

Tito, de boa vontade, teria posto termo a terrível cena, poupando assim a Jerusalém da medida completa de sua condenação. Ele enchia de terror ao ver seus corpos jazendo aos montes nos vales. Como alguém que estivesse em êxtase, olhava ele do cimo do Monte das Oliveiras ao templo magnificente, e deu ordem para que nenhuma de suas pedras fosse tocada. Antes de tentar posse desta fortaleza, fez ardente apelo aos chefes judeus para não o forçarem a profanar com sangue o lugar sagrado. Se saíssem e combatessem em outro local, nenhum romano violaria a santidade do templo. O próprio Josefo com apelo eloqüentíssimo suplicou que se rendessem para se salvarem a si, a sua cidade e o seu lugar de culto. Suas palavras, porém, foram respondidas com pragas amargas. Lançaram-se dardos contra ele, que era seu último mediador humano, enquanto persistia em instar com eles. Os judeus haviam rejeitado os rogos do Filho de Deus e agora as advertência e rogos apenas os tornavam mais decididos a resistir até o último ponto. Baldados foram os esforços de Tito para salvar o templo. Alguém, maior do que ele, declarara que não ficaria pedra sobre pedra.

A cega obstinação dos chefes dos judeus e os abomináveis crimes perpetrados dentro da cidade sitiada, excitaram o horror e a indignação dos romanos, e Tito finalmente se decidiu a tomar o templo de assalto. Resolveu, contudo, que, sendo possível deveria o mesmo ser salvo da destruição. Mas suas ordens foram desatendidas. Depois que ele se retirara para a sua tenda à noite, os judeus, dando uma surtida do templo, atacaram fora os soldados. Na luta, um soldado arremessou um facho através de uma abertura no pórtico, e imediatamente as salas revestidas de cedro, em redor da casa sagrada, se acharam em chamas.

Tito precipitou-se para o local, seguido de seus generais e legionários, e ordenou aos soldados que apagassem as labaredas. Suas palavras não foram atendidas. Em sua fúria, os soldados lançaram tochas ardentes nas salas contínguas ao templo, e com a espada assassinavam em grande número os que ali tinham procurado refúgio. O sangue corria como água pelas escadas do templo abaixo. Milhares e milhares de Judeus pereceram. Acima do ruído da batalha, ouviam-se vozes bradando: “Icabode!” – foi-se a glória.

“Tito achou impossível sustar a fúria da soldadesca; entrou com os seus soldados e examinou o interior do edifício sagrado. O esplendor enche-os de admiração; e como as chamas ainda não houvesse ainda no lugar santo, fez um último esforço para salvá-lo; e, apresentando-se-lhes repentinamente, de novo exortou os soldados a deterem a marcha da conflagração. O centurião Liberalis esforçou-se por impor obediência ao seu estado maior; mas o próprio respeito para com o imperador cedeu lugar à furiosa animosidade contra os judeus, ao excitamento feroz da batalha, e à esperança insaciável do saque.os soldado viam tudo em redor deles resplandecendo de ouro, que fulgurava deslumbrantemente à luz sinistra da chamas; supunham que inalcançáveis tesouros estivessem acumulados no santuário. Um soldado, sem ser percebido, arrojou uma tocha acesa por entre os gonzos da porta: o edifício todo em momento ficou em chamas. O denso fumo e o fogo obrigaram os oficiais a retirarem-se, e o nobre edifício foi abandonado à sua sorte.”

“Era um espetáculo pavoroso aos romanos; e que seria ele para os judeus? Todo o cimo da colina que dominava a cidade, chamejava como um vulcão. Um após outro caíram os edifícios, com tremendo fragor, e foram absorvidos pelo ígneo abismo. Os tetos de cedro assemelhavam-se a lençóis de fogo; os pináculos dourados resplandeciam como pontas de luz vermelha; as torres dos portais enviavam para cima altas colunas de chama e fumo. As colinas vizinhas se iluminavam; e grupos obscuros de pessoas foram vistas a observar com horrível ansiedade a marcha da destruição; os muros e pontos elevados da cidade alta ficaram repletos de rostos, alguns pálidos, com a agonia do desespero, outros com expressão irada, a ameaçar uma vingança inútil. As aclamações da soldadesca romana, enquanto corriam de uma para outra parte, e o gemido dos insurgentes que estavam perecendo nas chamas, misturavam-se com o rugido da conflagração e o rumor trovejante do madeiramento que caía. Os ecos das montanhas respondiam ou traziam de volta o grito do povo nos pontos elevados; ao longo de todo o muro ressoavam alaridos e prantos; homens que estavam a expirar pela fome reuniam sua força restante para proferir um grito de angústia e desolação.”

“O morticínio do lado de dentro, era até mais terrível do que o espetáculo visto fora. Homens e mulheres, velhos e moços, insurgentes e sacerdotes, os que combatiam e os que imploravam misericórdia, eram retalhados em indiscriminada carnificina. O número de mortos excedeu ao de matadores. Os legionários tiveram de trepar sobre os montes de cadáveres para prosseguir na obra de extermínio.” – HISTÓRIA DOS JUDEUS, de Milman, livro 16.

Depois da destruição do templo, a cidade inteira logo caiu nas mãos dos romanos. Os chefes dos judeus abandonaram as torres inexpugnáveis, e Tito as achou desertas. Contemplou-as com espanto e declarou que Deus lhas havia entregue em suas mãos; pois engenho algum, ainda que poderoso, poderia ter prevalecido contra aquelas estupendas ameias. Tanto a cidade como o templo foram arrasados até aos fundamentos, e o terreno em que se erguia a casa sagrada foi lavrado como um campo. (Jeremias 26:18). No cerco e morticínio que se seguiram, pereceram mais de um milhão de pessoas; os sobreviventes foram levados como escravos, como tais vendidos, arrastados a Roma para abrilhantar a vitória do vencedor, lançados às feras nos anfiteatros, ou dispersos por toda a Terra como vagabundos sem lar.

Os judeus haviam forjados seus próprios grilhões; eles mesmos encheram a taça da vingança. Na destruição completa que lhes sobreveio como nação, e em todas as desgraças que os acompanharam depois de dispersos, não estavam senão recolhendo a messe que suas próprias mãos semearam. Diz o profeta: “Para tua perda, ó Israel, te rebelaste contra Mim,” “pelos teus pecados tens caído” (Oséias 13:9;14:1). Seus sofrimentos são muitas vezes representados como sendo castigo a eles infligindo por decreto direto da parte de Deus. É assim que o grande enganador procura esconder sua própria obra. Pela obstinada rejeição do amor e misericórdia divina, os judeus fizeram com que a proteção de Deus fosse deles retirada e permitiu-se a Satanás dirigi-los segundo a sua vontade. As horríveis crueldades executadas na destruição de Jerusalém são uma demonstração do poder vingador de Satanás sobre os que se rendem ao seu controle.

Não podemos saber quanto devemos a Cristo pela paz e proteção de que gozamos. É o poder de Deus que impede que a humanidade passe completamente para o domínio de Satanás. Os desobedientes e ingratos tem grande motivo de gratidão pela misericórdia longanimidade de Deus, que contém o cruel e pernicioso poder do maligno. Quando, porém, os homens passam os limites da clemência divina, a restrição é removida. Deus não fica em relação ao pecador como executor da sentença contra a transgressão; mas deixa entregues a si mesmo os que rejeitam Sua misericórdia, para colherem aquilo que semearam. Cada raio de luz rejeitado, cada advertência desprezada ou desatendida, cada paixão contemporizada, cada transgressão da lei de Deus é uma semente lançada, a qual produz infalível messe. O Espírito de Deus, persistentemente resistido, é afinal retirado do pecador, e então poder algum permanece para dominar as más paixões da alma, e nenhuma proteção contra a maldade e inimizade de Satanás. A destruição de Jerusalém constitui tremenda e solene advertência a todos os que estão tratando levianamente com os oferecimentos da graça divina e. Resistindo aos rogos da misericórdia de Deus. Jamais foi dado um testemunho mais decisivo do ódio ao pecador por de Deus, e do castigo certo que recairá sobre o culpado.

A profecia do Salvador relativa aos juízos que deveriam cair sobre Jerusalém há de ter outro cumprimento do qual aquela terrível desolação não foi senão tênue sombra. Na sorte da cidade escolhida podemos contemplar a condenação de um mundo que rejeitou a misericórdia de Deus e calcou a pés a Sua lei. Tenebrosos são registros da miséria humana que a Terra tem testemunhado durante seus longos séculos de crime. Ao contemplá-los com confrange-se o coração e o espírito desfalece. Terríveis têm sido os resultados da rejeição da autoridade do Céu. Entretanto cena ainda mais tenebrosa se apresenta nas revelações do futuro. Os registros do passado – o longo cortejo de tumultos e revoluções, a “armadura daqueles que pelejavam com o ruído, e os vestidos que rolavam no sangue” (Isaías 9:5) – que são, em contraste com os terrores daquele dia em que o Espírito de Deus será retirado totalmente dos ímpios, que não mais contendo a explosão das paixões humanas e ira satânica! O mundo contemplará então como nunca dantes, os resultados do governo de Satanás.

Mas naquele dia, bem como na ocasião da destruição de Jerusalém, livrar-se-á o povo de Deus, “todo aquele que estiver inscrito entre os vivos.” Isaías 4:3. Cristo declarou que virá segunda vez para reunir a Si os Seus fiéis: “E todas as tribos da Terra se lamentarão, verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória. E Ele enviará os Seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os Seus escolhidos desde os quatro ventos de uma a outra extremidade dos céus.” Mateus 24:30 e 31. Então os que não obedecem ao Evangelho serão consumidos pelo espírito de Sua boca, e serão destruídos com o resplendor de Sua vinda. (II Tessalonicenses 2:8). Como o antigo Israel, os ímpios destroem-se a si mesmos; caem pela sua iniqüidade. Em conseqüência de uma vida de pecados, colocaram-se tão fora de harmonia com Deus, sua natureza se tornou tão aviltada com o mal que a manifestação da glória divina é para eles um fogo consumidor.

Acautelem-se os homens para que não aconteça negligenciarem a lição que lhes é comunicada pelas palavras de Cristo. Assim como ele preveniu Seus discípulos quanto à destruição de Jerusalém, dando-lhes um sinal da ruína que se aproximava para que pudessem escapar, também advertiu o mundo quanto ao dia da destruição final, e lhes deu sinal de sua aproximação para que todos os que queiram possam fugir da ira vindoura. Declara Jesus: “E haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas; e na Terra angústia das nações.” Lucas 21:25. Mateus 24:29. Marcos 13-24-26. Apocalipse 6:12-17. Os que contemplam estes prenúncios de Sua vinda, devem saber que “está próximo, às portas.” Mateus 24:36. “Vigiai, pois” (Marcos13:35), são Suas palavras de advertência. Os que atendem ao aviso não serão deixados em trevas, para aquele dia os apanhe desprevenidos. Mas aos que não vigiarem, “o dia do Senhor virá como ladrão de noite.” I Tessalonicenses 5:2

O mundo não está mais preparado para dar crédito à mensagem para este tempo do que estiveram os judeus para receberem o aviso do Salvador, relativo a Jerusalém. Venha quando vier, o dia do Senhor virá de improviso aos ímpios. Correndo a vida sua rotina invariável; encontrando-se os homens absortos nos prazeres, negócios, comércio e ambição de ganho; estando os dirigentes do mundo religioso a engrandecer o progresso e ilustração do mundo, e achando-se o povo embalado em uma falsa segurança, então, como o ladrão à meia-noite rouba na casa que não é guardada, sobrevirá repentina destruição aos descuidados e ímpios, e “de nenhum modo escaparão.” I Tessalonicenses 5:3-5.

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