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domingo, 23 de dezembro de 2007

Predito o Destino do Mundo - Parte III

Com subversão de Jerusalém os discípulos associaram os fatos da vinda pessoal de Cristo em glória temporal a fim de assumir o trono império do Universo, castigar os judeus impenitentes e libertar a nação do jugo romano. O Senhor lhes dissera que viria segunda vez. Daí, com a menção dos judeus sobre Jerusalém, volveram o pensamento para aquela vinda; e, como estivessem reunidos em torno do Salvador sobre o monte das Oliveiras, perguntaram: “Quando serão estas coisas, e que sinal haverá da Tua vinda e do fim do mundo?” Mateus 24:03.

O futuro estava misericordiosamente velado aos discípulos. Houvesse eles naquela ocasião compreendido os dois terríveis fatos – os sofrimentos e morte do Redentor, e a destruição da sua cidade e templo – teriam sido dominados pelo terror. Cristo apresentou diante deles um esboço dos acontecimentos preeminentes a ocorrerem antes do final do tempo. Suas palavras não foram completamente entendidas; mas a significação ser-lhes-ia revelada quando Seu povo necessitasse da instrução nelas dada. A profecia que Ele proferiu era dupla em seu sentido: ao mesmo tempo em que prefigurava a destruição de Jerusalém, representava igualmente os terrores do último grande dia.

Jesus declarou aos discípulos que O escutavam, os juízos que deveriam cair sobre o apóstata Israel, e especialmente o castigo retribuidor que lhe sobreviria por sua rejeição e crucifixão do Messias. Sinais inequívocos precederiam a terrível culminação. A hora temida viria súbita e celeremente. E o Salvador advertiu a Seus seguidores: “Quando pois virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo (que lê, entenda), então os que estiverem na Judéia fujam para os montes.” Mateus 24:15 e 16; Lucas 21:20. Quando estandartes idolátricos dos romanos fossem arvorados em terra santa, a qual se estendia por alguns estádios fora dos muros da cidade, então os seguidores de Cristo deveriam achar segurança na fuga. Quando fosse visto o sinal de aviso, os que desejavam escapar não deveriam demorar-se. Por toda a terra da Judéia, bem como em Jerusalém mesmo, o sinal para a fuga deveria ser imediatamente obedecido. Aquele que por acaso estivesse no telhado, não deveria descer à casa, mesmo para salvar os tesouros mais valiosos. Os que estivessem trabalhando nos campos ou nos vinhedos, não deveriam tomar tempo para voltar a fim de apanhar a roupa exterior, posta de lado enquanto estavam a labutar no calor do dia. Não deveriam hesitar um instante para que não fossem apanhados pela destruição geral.

No reinado de Herodes, Jerusalém não só havia sido grandemente embelezada, mas, pela ereção de torres, muralhas e fortalezas, em acréscimo à força natural de sua posição, tornara-se aparentemente inexpugnável. Aquele que nesse tempo houvesse publicamente predito sua destruição, teria sido chamado, como Noé em sua época, doido alarmista. Mas Cristo dissera: “O céu e a Terra passarão, mas Minhas palavras não hão de passar.” Mateus 24:35. Por causa de seus pecados, foi anunciada a ira contra Jerusalém e sua pertinaz incredulidade selou-lhe a sorte.

O Senhor tinha declarado pelo profeta Miquéias: “Ouvi agora isto, vós, chefes de casa de Jacó, e vós, maiorais da casa de Israel, que abominais o juízo e perverteis tudo o que direito, edificando a Sião com sangue, e a Jerusalém com injustiça. Os seus chefes dão as sentenças por presentes, e os seus sacerdotes ensinam por interesse, e os seus profetas advinham por dinheiro; e ainda se encostam ao Senhor,dizendo: não está o Senhor no meio de nós? Nenhum mal nos sobrevirá.” Miquéias 3:9-11.

Estas palavras descreviam fielmente os habitantes de Jerusalém, corruptos e possuídos de justiça própria. Pretendendo embora observar rigidamente os preceitos da lei de Deus, estavam transgredindo todos os seus princípios. Odiavam a Cristo porque Sua natureza e santidade lhes revelavam a iniqüidade própria; e acusavam-No de ser a causa de todas as angústias que lhes tinham sobrevindo em conseqüência de seus pecados. Posto que soubessem não ter Ele pecado, declararam que Sua morte era necessária para segurança deles como nação. “Se o deixarmos assim,” disseram os chefes dos judeus, “todos crerão Nele, e virão os romanos, e tirar-nos-ão o nosso lugar e a nação.” João 11:48. Se Cristo fosse sacrificado, eles poderiam uma vez mais se tornar um povo forte, unido. Assim raciocinavam, e concordavam com a decisão de um sumo sacerdote de que seria melhor morrer um homem do que perecer toda a nação.

Assim os dirigentes judeus edificavam a “Sião com sangue, e a Jerusalém com injustiça.” E além disso ao mesmo tempo em que mataram o Salvador porque lhes reprovava os pecados, tal era a sua justiça própria que se consideravam como o povo favorecido de Deus, esperavam que o Senhor os livrasse de seus inimigos. “Portanto,” continuou o profeta, “por causa de vós, Sião será lavrada como um campo, e Jerusalém se tornará em montões de pedras e o monte desta casa em lugares altos dum bosque.” Miquéias 3:12.

Durante quase quarenta anos depois que a condenação de Jerusalém fora pronunciada por Cristo mesmo, retardou o Senhor os juízos sobre a cidade e nação. Maravilhosa foi a longanimidade de Deus para com os que Lhe rejeitaram o evangelho e assassinaram o Filho. A parábola da árvore infrutífera representava o trato de Deus para com a nação judaica. Fora dada a ordem: “Corta-a; por que ainda ocupa a terra inutilmente?” Lucas 13:7. Mas a misericórdia divina poupara-a ainda um pouco de tempo. Muitos havia entre os judeus que eram ignorantes quanto ao caráter e obra de Cristo. E os filhos não haviam gozado das oportunidades nem recebido a luz que seus pais tinham desprezado. Mediante a pregação dos apóstolos e de seus cooperadores, Deus faria com que a luz resplandecesse sobre eles; ser-lhes-ia permitido ver como a profecia se cumprira, não somente no nascimento e vida de Cristo, mas também em Sua morte e ressurreição. Os filhos não foram condenados pelos pecados dos pais; quando, porém, conhecedores de toda a luz dada a seus pais, os filhos rejeitaram mesmo a que fora concedida a mais, tornaram-se participantes dos pecados daqueles e encheram a medida da iniqüidade.

A longanimidade de Deus para com Jerusalém apenas confirmou os judeus em sua obstinada impenitência. Em seu ódio e crueldade para com os discípulos de Jesus, rejeitaram o último oferecimento de misericórdia. Afastou então Deus deles a proteção, retirando o poder que restringia a Satanás e seus anjos, de maneira que a nação ficou sob o controle do chefe que haviam escolhido. Seus filhos tinham desdenhado a graça de Cristo, que os teria habilitado a subjugar seus maus impulsos, e agora estes se tornaram os vencedores. Satanás suscitou as mais violentas e vis paixões da alma. Os homens não raciocinavam; achavam-se fora da razão,dirigidos pelo impulso e cega raiva. Tornaram-se satânicos em sua crueldade. Na família e na sociedade, entre as mais altas como entre as mais baixas classes, havia suspeita, ódio, inveja, contenda rebelião, assassínio. Não havia segurança em parte alguma. Amigos e parentes traíam-se mutuamente. Pais matavam aos filhos e os filhos aos pais. Os príncipes do povo não tinham poder para governar-se. Desenfreadas paixões faziam-nos tiranos. Os judeus haviam aceitado falso testemunho para condenar o inocente Filho de Deus. Agora as falsas acusações tornavam insegura a sua própria vida. Pelas suas ações durante muito tempo tinham estado a dizer: “Fazei que deixe de estar o Santo de Israel perante nós.” Isaías 30:11. Agora seu desejo foi satisfeito. O temor de Deus não mais o perturbaria. Satanás estava à frente da nação e as mais altas autoridades civis e religiosas estavam sob seu domínio.

Os chefes das facções oponentes por vezes se uniam para saquear suas desgraçadas vítimas, e novamente caíam sobre as forças uns dos outros, fazendo impiedosa matança. Mesmo a santidade do templo não refreava a horrível ferocidade. Os adoradores eram assassinados diante do altar, e o santuário contaminava-se com corpos de mortos. No entanto em sua cega e blasfema presunção, os instigadores desta obra infernal publicamente declaravam que não tinham receio de que Jerusalém fosse destruída, pois era a própria cidade de Deus. A fim de estabelecer seu poder, subornaram profetas falsos para proclamar, mesmo enquanto as legiões romanas estavam sitiando o templo, que o povo devia aguardar o livramento de Deus. Afinal, as multidões se apegaram firmemente à crença de que o Altíssimo interviria para derrota de seus adversários. Israel, porém havia desdenhado da proteção divina, e agora não tinha defesa. Infeliz Jerusalém! Despedaçada por dissensões intestinas, com o sangue de seus filhos mortos pelas mãos uns dos outros, a atingir de carmesim suas ruas, enquanto hostis exércitos estrangeiros derribavam suas fortificações e lhes matavam os homens de guerra!

Todas as predições feitas por Cristo relativas à destruição de Jerusalém cumpriram-se à letra. Os judeus experimentaram a verdade de suas palavras de advertência: “Com a medida com que tiverdes medido, vos hão de medir a vós.” Mateus 7:02.

Apareceram sinais e prodígios, prenunciando desastre e condenação. Ao meio da noite uma luz sobrenatural sobre o templo e o altar. Sobre as nuvens ao pôr do sol, desenhavam-se carros e homens de guerra reunidos para a batalha os sacerdotes que ministravam à noite no santuário aterrorizavam-se com sons misteriosos; a terra tremia e ouvia-se multidão de vozes a clamar: “Partamos daqui!” A grande porta oriental, tão pesada que dificilmente podia ser fechada por uns vinte homens, e que se achava segura por imensas barras de ferro fixas profundamente no pavimento de pedra sólida, abriu-se à meia noite, independente de qualquer agente visível.( – História dos Judeus, de Milman, livro 13).

Durante sete anos um homem esteve a subir e a descer as ruas de Jerusalém e declarando as desgraças que deveriam sobrevir à cidade. De dia e de noite cantava ele funebremente: “Uma voz do oriente, uma voz do ocidente, uma voz dos quatros ventos! Uma voz contra Jerusalém e contra o templo! Uma voz contra os noivos e as noivas! Uma voz contra o povo!” – Ibidem. Este ser estranho foi preso e açoitado, mas nenhuma queixa lhe escapou dos lábios. Aos insultos e maus tratos respondia somente: “Ai! Ai de Jerusalém!” “Ai! Ai dos habitantes dela!” Seu clamor de aviso não cessou senão quando foi morto no cerco que havia predito.

Nenhum cristão pereceu na destruição de Jerusalém. Cristo fizera a seus discípulos o aviso, e todos os que creram em Suas palavras aguardaram o sinal prometido. “Quando virdes Jerusalém cercada de exércitos,” disse Jesus, sabei que é chegada a sua desolação. Então os que estiveram na Judéia, fujam para os montes os que estiverem no meio da cidade, saiam.” Lucas 21:20 e 21. Depois que os romanos, sob Céstio, cercaram a cidade, inesperadamente abandonaram o cerco quando tudo parecia favorável a um ataque imediato. Os sitiados perdendo a esperança de poder resistir, estavam a ponto de se entregar, quando o general romano retirou suas forças sem a mínima razão aparente. Entretanto a misericordiosa providência de Deus estava dirigindo os acontecimentos para o bem do seu próprio povo. O sinal prometido fora dado aos cristãos expectantes, e agora se proporcionou a todos oportunidade para obedecer ao aviso do Salvador. Os acontecimentos foram encaminhados de tal maneira que judeus nem romanos impediriam a fuga dos cristãos. Com a retirada de Céstio, os judeus, fazendo uma surtida em Jerusalém, foram ao encalço de seu exército que se afastava; e, enquanto ambas as forças estavam assim completamente empenhadas em luta, os cristãos tiveram ensejo de deixar a cidade. Nesta ocasião o território havia se desembaraçado de inimigos que poderiam ter-se esforçado para lhes interceptar a passagem. Na ocasião do cerco os judeus estavam reunidos em Jerusalém para celebrar a festa dos Tabernáculos, e assim os cristão de todo o país puderam escapar sem ser molestados. Imediatamente fugiram para um lugar de segurança – cidade de Pela, na terra Peréia, além do Jordão.

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