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sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Predito o Destino do Mundo - Parte II

Profetas haviam chorado a apostasia de Israel, e as terríveis desolações que seus pecados atraíram. Jeremias desejava que seus olhos fossem uma fonte de lágrimas, para que pudesse chorar dia e noite pelos mortos da filha de seu povo, pelo rebanho do Senhor que fora levado em cativeiro (Jeremias 9:01; 13:17). Qual não a dor Daquele cujo olhar profético abrangia não os anos, mas os séculos! Contemplava Ele o anjo destruidor com a espada levantada contra a cidade que durante tanto tempo fora a morada de Jeová. Do cume do monte da Oliveiras, no mesmo ponto mais tarde ocupado por Tito e seu exército, olhava Ele através do vale para os pátios e pórticos sagrados, e, com a vista obscurecida pelas lágrimas, via em terrível perspectiva, os muros rodeados de hostes estrangeiras. Ouvia o tropel de exércitos dispondo-se para a guerra. Distinguia as vozes de mães e crianças que, na cidade sitiada, bradavam pedindo pão. Via entregue às chamas o santo e belo templo, os palácios e torres, e no lugar em que eles se erigiam, apenas um monte de ruínas fumegantes.

Olhando através dos séculos futuros, via o povo do concerto espalhado em todos os países, semelhante aos destroços de um naufrágio em praia deserta. Nos castigos prestes a cair sobre seus filhos, não via Ele senão o primeiro sorvo daquela taça de ira que no juízo final deveria esgotar até às fezes. A piedade divina, o terno amor encontraram expressão nestas melancólicas palavras: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis Eu ajuntar os teus filhos, como uma galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste!” Mateus 23:37. Oh! Se houveras conhecido, como nação favorecida acima de todas as outras, o tempo de tua visitação e as coisas que pertencem à tua paz! Tenho contido o anjo da justiça, tenho-te convidado ao arrependimento, mas em vão. Não meramente a servos, enviados e profetas que tens repelido e rejeitado, mas ao Santo de Israel, teu Redentor. Se és destruída, tu unicamente és a responsável. “E não quereis vir a Mim para terdes vida”. João 5:40.

Cristo viu em Jerusalém símbolo do mundo endurecido na incredulidade e rebelião, e apressando-se ao encontro dos juízos retribuidores de Deus. As desgraças de uma raça decaída, oprimindo-lhe a alma, arrancavam de Seus lábios aquele clamor extremamente amargurado. Viu a história do pecado traçada pelas misérias, lágrimas e sangue humanos; o coração moveu-se-Lhe de infinita compaixão pelos aflitos e sofredores da Terra; angustiava-se por aliviar a todos. Contudo mesmo Sua mão não poderia demover a onda das desgraças humanas; poucos procurariam a única fonte de auxílio. Ele estava disposto a derramar a alma na morte, a fim colocar a salvação ao seu alcance; poucos, porém, viriam a Ele para que pudessem ter vida.

A Majestade dos Céus em pranto! O Filho do infinito Deus perturbado em espírito, curvado em angústia! Esta cena encheu de espanto e Céu inteiro. Revela-nos a imensa malignidade do pecado; mostra quão árdua tarefa é, mesmo para o poder infinito, salvar o culpado das conseqüências da transgressão da lei de Deus. Jesus, olhando para a última geração,viu o mundo envolto em engano semelhante ao que causou a destruição de Jerusalém. O grande pecado dos judeus foi rejeitarem a Cristo; o grande pecado do mundo cristão seria rejeitarem a lei de Deus, fundamento de Seu governo no Céu e na Terra. Os preceitos de Jeová seriam desprezados e anulados. Milhões na servidão do pecado, escravos de Satanás, condenados a sofrer a segunda morte, recusar-se-iam a escutar as palavras de verdade no dia sua visitação. Terrível cegueira, estranha presunção.

Dois dias antes da Páscoa, quando Cristo pela última vez que se havia afastado do templo, depois de denunciar a hipocrisia dos príncipes judeus, novamente sai com os discípulos para o monte das Oliveiras, e assentar-Se com eles no declive relvoso, sobranceiro à cidade. Mais uma vez contempla seus muros, torres e palácios. Mais uma vez se Lhe depara o templo em seu deslumbrante esplendor, qual diadema de beleza a coroar o monte sagrado.

Mil anos antes, o salmista engrandecera o favor de Deus para com Israel fazendo da casa sagrada deste a Sua morada: “Em Salém está o Seu tabernáculo, e a Sua morada em Sião.” Salmo 76:02. Ele “elegeu a tribo de Judá; o monte de Sião, que ele amava. E edificou o Seu santuário como aos lugares elevados.” Salmo 78:68 e 69. O primeiro templo fora erigido durante o período mais próspero de Israel. Grandes armazenamentos de tesouros para esse fim haviam sido acumulados pelo rei Davi e a plante para a sua construção fora feita por inspiração divina. (I Crônicas 28:12 19). Salomão, mais sábio dos monarcas de Israel, completa a obra. Este templo foi o edifício mais magnificente que o mundo já viu. Contudo o Senhor declarou pelo profeta Ageu, relativamente ao segundo do templo: “A glória desta última casa será maior do que a da primeira.” “Farei tremer todas as nações, e encherei esta casa de glória diz o Senhor dos exércitos.” Ageu 2:9 e 7.

Depois da destruição do templo por Nabucodonosor, foi reconstruído aproximadamente quinhentos anos antes do nascimento de Cristo, por um povo que, de um longo cativeiro, voltara de um país devastado e quase deserto. Haviam, então, entre eles homens idosos que tinham visto a glória do templo de Salomão e que choraram junto aos alicerces do novo edifício porque devesse ser tão inferior ao antecedente. O sentimento que prevalecia é vividamente descrito pelo profeta: “Quem há entre vós que, tendo ficado, viu esta casa na sua primeira glória? E como a vedes agora? Não é esta agora? Não é esta como nada em vossos olhos comparada com aquela?” Ageu 2:3; Esdras 3:12. Então foi feita a promessa de que a glória desta última casa seria maior do que a da anterior.

Mas o segundo templo não igualou o primeiro em magnificência; tampouco foi consagração pelos visíveis sinais da presença divina que o primeiro tivera. Não houve manifestação de poder sobrenatural para assinalar sua dedicação. Nenhuma nuvem de glória foi vista a encher o santuário recém-erigido. Nenhum fogo do Céu desceu para consumir o sacrifício sobre o altar. O “shekinah” não mais habitava entre os querubins no lugar santíssimo; a arca, o propiciatório, as tábuas do testemunho não mais deveriam encontrar-se ali. Nenhuma voz ecoava do Céu para tornar conhecida ao sacerdote inquiridor à vontade de Jeová.

Durante séculos os judeus debalde se haviam esforçado por mostrar que a promessa de Deus feita por Ageu se cumprira; entretanto, o orgulho e a incredulidade lhes cegava a mente ao verdadeiro sentido das palavras do profeta. O segundo templo não foi honrado com a nuvem de glória de Jeová, mas com a presença viva Daquele em quem habita corporalmente a plenitude da divindade – que foi Deus manifesto em carne. O “Desejado de todas as nações” havia em verdade chegado a Seu templo quando o Homem de Nazaré ensinava e curava nos pátios sagrados. Com a presença de Cristo, e com ela somente, o segundo templo excedeu o primeiro em glória. Mas Israel afastara de si o Dom do Céu, que lhe era oferecido. Com o humilde Mestre que naquele dia saíra de seu portal de ouro, a glória para sempre se retirara do templo. Já eram cumpridas as palavras do Salvador: “Eis que a vossa casa vai ficar-vos deserta.” Mateus 23:38.

Os discípulos ficaram cheios de espanto e admiração ante a profecia de Cristo acerca da subversão do templo, e desejavam compreender melhor o significado de suas palavras. Riquezas, trabalhos e perícia arquitetônica haviam mais de quarenta anos sido liberalmente expedidos para salientar os seus esplendores. Herodes, o Grande, nele empregara prodigamente tanto riquezas romanas como tesouros judeus, e mesmo o imperador do mundo o tinha enriquecido com seus dons. Blocos maciços de mármore branco, de tamanho quase fabuloso, provenientes de Roma para este fim, formavam parte de sua estrutura; e para eles chamaram os discípulos a atenção do Mestre, dizendo: “Olha que pedras, e que edifícios!” Marcos 13:01.

A estas palavras deu Jesus a solene e surpreendente resposta: “Em verdade vos digo que não ficará pedra sobre pedra que não seja derribada.” Mateus 24:02.

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