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quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

O Valor do Mártires - Parte III

Depois de longo e tenaz conflito, os poucos fiéis decidiram-se dissolver toda união com a igreja apóstata, caso ela recusasse libertar-se da falsidade e idolatria. Viram que a separação era uma necessidade absoluta e desejavam obedecer à Palavra de Deus. Não ousavam tolerar erros fatais a sua própria alma, e dar exemplo que pusesse em perigo a fé de seus filhos e netos. Para assegurar a paz e a unidade, estavam prontos a fazer qualquer concessão coerente com a fidelidade para com Deus, mas acharam que mesmo a paz seria comprada demasiado caro com sacrifício dos princípios. Se a unidade só se pudesse conseguir comprometendo a verdade e a justiça, seria preferível que prevalecesse as diferenças e as conseqüentes lutas.

Bom seria à igreja e ao mundo se os princípios que atuavam naquelas almas inabaláveis revivessem no professo povo de Deus. Há alarmante indiferença em relação às doutrinas que são as colunas da fé cristã. Ganha terreno a opinião de que, em última análise não são de importância vital. Esta degenerescência está fortalecendo as mãos dos agentes de Satanás, de modo que falsas teorias e enganos fatais, que os fiéis dos séculos passados expunham e combatiam com riscos da própria vida, são hoje considerados como favor por milhões que pretendem ser seguidores de Cristo.

Os primeiros cristãos eram na verdade um povo peculiar. Sua conduta irrepreensível e fé invariável eram contínua reprovação a perturbar a paz dos pecadores. Se bem que poucos, sem riqueza, posição ou títulos honoríficos, constituíam um terror para o malfeitores onde quer que seu caráter e doutrinas fossem conhecidos. Eram, portanto, odiados pelos ímpios, assim como Abel o foi pelo ímpio Caim. Pela mesma razão porque Caim matou Abel, os que procuravam repelir a restrição do Espírito Santo mataram o povo de Deus. Pelo mesmo motivo foi que os judeus rejeitaram e crucificaram o Salvador: porque a pureza e santidade de seu caráter eram repreensão constante ao egoísmo e corrupção deles. Desde os dias de Cristo até hoje, os fiéis discípulos têm suscitado ódio e oposição dos que amam e seguem os caminhos do pecado.

Como, pois, pode o Evangelho ser chamado mensagem de paz? Quando Isaías predisse o nascimento do Messias conferiu-Lhe o título de “Príncipe da Paz.” Quando os anjos anunciaram aos pastores que Cristo nascera, cantaram sobre as planícies de Belém: “Glória a Deus nas alturas, paz na Terra, boa vontade para com os homens.” Lucas 2:14. Há uma aparente contradição entre estas declarações proféticas e as palavras de Cristo: “Não vim trazer paz, mas espada.” Mateus 10:34. Mas, entendidas corretamente, ambas estão em perfeita harmonia. O Evangelho é uma mensagem de paz. O cristianismo é um sistema religioso que, recebido e obedecido, espalharia paz, harmonia e felicidade por toda a Terra. A religião de Cristo ligará em íntima fraternidade todos os que lhe aceitarem os ensinos. Foi missão de Jesus reconciliar os homens com Deus, e assim uns com os outros. Mas o mundo em grande parte acha-se sob o domínio de Satanás, o acérrimo adversário de Cristo. O Evangelho apresenta-lhes princípios de vida que se acham em desacordo com os seus hábitos e desejos, e eles se erguem em rebelião contra ele. Odeiam a pureza que lhes revela e condena os pecados, e perseguem e destroem os que com eles insistirem em suas justas e santas reivindicações. É neste sentido que o Evangelho é chamado uma espada, visto que as elevadas verdades que traz ocasionam o ódio e a contenda.

A misteriosa providência que permite sofrer os justos perseguição às mãos dos ímpios, tem sido causa de grande perplexidade a muito que são fracos na fé. Alguns se dispõem mesmo a lançar de si a confiança em Deus, por permitir que os mais vis dos homens prosperem, enquanto os melhores e mais puros são afligidos e atormentados pelo cruel poder daqueles. Como, pergunta-se, pode Aquele que é Justo e Misericordioso, e que também é de poder infinito, tolerar tal injustiça e opressão? É esta uma questão com que nada temos que ver. Deus deu suficientes evidências de Seu amor, e não devemos duvidar de Sua bondade por não podermos compreender a operação de Sua providência. Disse o Salvador a Seus discípulos, prevendo as dúvidas que lhes oprimiriam a alma nos dias de provação e trevas: “Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não o servo maior do que o seu Senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós.” João 15:20. Jesus sofreu por nós mais do que qualquer dos seus seguidores poderá sofrer pela crueldade de homens ímpios. Os que são chamados a suportar a tortura e o martírio não estão senão seguindo as pegadas do dileto Filho de Deus.

“O Senhor não retarda a Sua promessa.” II Pedro 3:09. Ele não se esquece de Seus filhos, nem os negligencia; mas permitem que os ímpios revelem seu verdadeiro caráter, para que ninguém que deseje fazer a Sua vontade possa ser iludido com relação a eles. Outrossim, os justos são postos na fornalha da aflição para que eles próprio possam ser purificados, para que seu exemplo possa convencer a outros da realidade da fé e piedade, e também para que sua coerente conduta possa condenar os ímpios e incrédulos.

Deus permite que os ímpios prosperem e revelem inimizado para com Ele, a fim de que, quando encherem a medida de sua iniqüidade, todos possam, em sua completa destruição, ver a justiça e a misericórdia divinas. Apressa-se o dia de Sua vingança, no qual todos os que transgrediram a lei divina e oprimiram o povo de Deus receberão a justa recompensa de suas ações; em que todo o ato de crueldade e injustiça para com os fiéis será punido como se fosse feito ao próprio Cristo.

Há uma outra questão mais importante que deveria ocupar a atenção da igrejas de hoje. O apóstolo Paulo declara que “todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições.” II Timóteo 3:12. Por que é, pois, que a perseguição em grande parte parece adormentada? A única razão é que a igreja se conformou com a norma do mundo, e, portanto, não suscita oposição. A religião que em nosso tempo prevalece não é do caráter puro e santo que assinalou a fé cristã nos dias de Cristo e de Seus apóstolos. É unicamente por causa do espírito de transigência com o pecado, por serem as grandes verdades da palavra de Deus tão indiferentemente consideradas, por haver tão pouca piedade vital na igreja, que o cristianismo é aparentemente tão popular no mundo. Haja um reavivamento da fé e poder da igreja primitiva, e o espírito de opressão reviverá, reacendendo as fogueiras da perseguição.

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